HONDA CB 750 FOUR
Domingo, 26 de outubro de 1968. Feliz de quem pôde estar neste dia no estande da Honda no “Tokyo Motor Show” e testemunhar ao vivo e a cores a estreia mundial da Honda CB 750 Four, a mãe de todas as superbikes. Daquele momento em diante o mundo da motocicleta jamais seria o mesmo.
Na Honda CB 750 Four estava concentrada toda a tecnologia da Honda adquirida através das vitórias na Motovelocidade e na Fórmula 1. Nenhuma outra moto daquele tempo chegava perto das especificações da 750 Four, capaz de alcançar a então estonteante marca dos 200 km/h de velocidade máxima.
Equipada com um moderno motor de quatro cilindros em linha refrigerado a ar e com comando simples no cabeçote, a ficha técnica da Honda CB750 Four impressionava: 67 cavalos de potência e requintes técnicos até então inéditos, como o freio a disco dianteiro e um preciso e confiável câmbio de cinco marchas.
Naquela época a Honda era uma empresa que já alcançara pleno reconhecimento mundial, embalada pelas excelentes vendas de suas motocicletas de pequena e média cilindrada. O lucro foi investido nas corridas –leia-se alta tecnologia –e alguns anos antes, em 1966, a Honda já havia dado um sinal de alerta à então dominante indústria motociclística europeia, através da sua Honda CB 450 DOHC, uma jóia sobre rodas, igual as melhores máquinas inglesas ou italianas.
Porém, naquele domingo de mais de cinquenta anos atrás, os visitantes do Tokyo Motor Show tiveram a chance de ver algo além do que jamais haviam visto em termos de motocicleta de alta performance: Simplesmente “a mais sofisticada motocicleta de produção em série jamais feita”, aspas devidas a tal frase ter sido escrita na prestigiada revista norte-americana Cycle World.
Não bastasse o aspecto técnico elaborado, completamente superiorao de qualquer concorrente, a CB 750 Four era –e ainda é! –uma moto belíssima, na qual as formas suaves de seu tanque e dos poderosos quatro tubos de escapamento servem inteligentemente de moldura ideal para a verdadeira obra de arte, o genial, potente e confiável motor tetracilíndrico.
Soichiro Honda,fundador da empresa eamante das competições, sabia o quanto era verdadeiro o ditado “vencer no domingo, vender na segunda”,e de como era importante a tecnologia derivada das pistas ser aplicada aos modelos de produção.
A Honda CB 750 Four era isso: uma inigualável simbiose entre a tecnologia das pistas e qualidade de realização. Desempenho, confiabilidade, design e… o mundo da motocicleta jamais seria o mesmo depois dela!
A Honda CB 750 Four há mais de 50 anos estabeleceu uma arquitetura de motocicleta de alta cilindrada vigente até os dias atuais,e por conta disso merece mesmo ser chamada de mãe de todas as superbikes. Um ícone da alta engenharia da Honda,que através do modelo estabeleceu uma inalcançável liderança na tecnologia aplicada a motocicletas.
E NO BRASIL, QUANTO CUSTAM?
Há notícia de que as Honda 750 Four começaram a ser importadas para o Brasil já em 1969, e que ao menos uma das raras unidades sandcast sobreviveu. Outras deste tipo foram importadas por colecionadores mais recentemente, adquiridas em sua maior parte nos EUA por valores entre 30 e 50 mil dólares, cifra que no mínimo duplica para a venda no Brasil.
Quem quiser ter uma Honda CB 750 Four e não faz questão de gastar o valor de um apartamento em uma deve começar aprendendo o código “K”. Esta letra, acompanhada de um número (de 0 a 8), identifica os modelos das CB 750 Four: as K0 são as primeiras produzidas de meados de 1969 até setembro de 1970, depois vieram as K1 (1971), K2 (1972) e assim até a derradeira Four de 1978.
Quanto mais antigas, mais caras em teoria. Visto que as importações de veículos motorizados foram proibidas no Brasil em 1976, as versões de K6 em diante são escassas, mas isto não aos torna valiosas pois já trazem alterações no visual que fogem do design pioneiro.
Há muitas Honda CB 750 Four em excelente estado no Brasil, em museus particulares, coleções e nas mãos de apaixonados, quase todas restauradas, mas são raríssimas as conservadas. O hábito – disseminado à época – de modificá-las praticamente aniquilou a chance de encontrar uma 100% original não restaurada.
A customização feita em uma época onde a palavra “customização” nem existia consistia em substituir o escape original pelo famoso quatro-em-um, o que dava às Four uma “voz” inconfundível. Outra alteração era a troca do guidão por um do tipo “Tomaselli”, mais baixo, esportivo. Além disso – que era uma receita básica, quase um padrão – havia o costume de trincar as rodas raiadas pelas de liga leve, adicionar um disco de freio suplementar na roda dianteira, substituir o banco duplo por um com rabeta e muito mais. Essa era a CB 750 Four bacana daquele tempo, e não a original, considerada “careta” sem estes itens.
Hoje tudo se inverteu: quem tem uma “careta”, pode pesar a mão no preço, enquanto quem tem uma modificada sabe que é justamente a falta dos componentes originais que faz a moto valer menos. Há CB 750 Four à venda no Brasil, bem restauradas, por cifras ao redor dos R$ 100 mil, e a tendência é a valorização. Já unidades de boa aparência, razoável conservação, mas que tenham durante a vida sido alvo de reformas/modificações podem ser compradas por cifras menores, mas dificilmente abaixo dos R$ 50 mil. Cara? Claro que não para ter aquela que é considerada a “moto do século” nas mãos!
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