Caloi Barra Forte

 

Uma bicicleta robusta, bonita ” com super quadro, a Barra forte não quebra nunca” dizia a propaganda da Caloi em 1979. É sobre esta grande brasileira que vamos falar nesta postagem, voltando a nossa atividade na página, depois de muito tempo (atendendo a pedidos).

A Caloi tinha em seu seguimento de bicicletas adultas masculinas a Arco duplo – um modelo claramente inspirado na americana Schwinn – que era uma bicicleta bastante popular, que desde os anos 60 disputava o mercado com a Monark Barra Circular.

Depois da última atualização da Barra Circular, em 1972, mudando totalmente a geometria do seu quadro e atingindo em cheio o coração dos brasileiros, a Caloi sente o impacto diminuir consideravelmente as vendas das sua Arco Duplo, que já sentia o peso dos anos.

Foi aí que, em 1979, a Empresa apresenta sua nova bicicleta, substituindo a Arco Duplo, a Caloi Barra Forte.

Assim como a sua rival, a Barra forte também apresentava um quadro cheio de tubos, detalhes e uma forma robusta, pesada. Não chegava a ser uma barra dupla, mas apresentava um top tube com dois tubos mais finos logo abaixo, com uma suave queda na dianteira, que seguiam até o cano central do quadro, ligados por uma chapa de aço. Na extensão, estes tubos serviam de base para a garupa e se curvava numa forma angular até a aba de conexão das rodas traseiras (gancheira). O resultado era uma bicicleta de forma robusta, mas agradável.

Assim como na Arco duplo, a Caloi apresentava versões de acabamento diferentes, como a luxo e super luxo, onde a bicicleta poderia contar com farol e lanterna movidos a dínamo e câmbio de 3 marchas Dimosil, igual ao fornecido na Ceci de 3 marchas, além da versão LR, com quadro tipo turismo.

Nesta configuração de quadro a Barra Forte, apesar do empenho publicitário da Caloi, não conseguia fazer frente a Barra Circular da Monark, o que a fez efetuar uma mudança drástica em seu quadro.

Em 1982, ano em que a Monark fez uma grande mudança em toda a sua linha, inclusive na Barra Circular, a Caloi mudou totalmente a configuração da Barra Forte, criando a popular pescoço de ganso. O top tube fazia um “S” se estendendo próximo da linha do meio do quadro, um tubo mais fino seguia em paralelo com outro, fazendo um “U”, com uma suave curva descendente, se estendia acima, onde entre eles foi acondicionado um estofamento. O Banco da patroa. Apresentava 3 versões de acabamento: L, S e SL, esta última a mais bem equipada.

A ideia era realmente boa, fazia todo o sentido, pois boa parte dos donos de Barra Circular levavam suas “patroas” na garupa ou no meio do quadro mesmo, de modo desconfortável. Porém, a história mostra que o brasileiro da época não demostrou grande empatia pelo modelo.

Em 1985 a Caloi torna a mudar tudo na linha. Duas novas versões da Barra Forte são apresentadas a GL, herdeira direta da antiga SL (pescoço de ganso) e a Tur, uma espécie de Barra Circular sem o circulo no centro. Era um ensaio da Caloi para uma versão futura ainda mais “semelhante” a rival.

O Design da GL era mais agradável que o da sua antecessora, preservando o bonito e prático assento no centro do quadro. Só que agora o top tube era onde o assento de localizava, os tubos mais finos agora eram dispostos lateralmente, fazendo um “U” na parte dianteira e se unindo no tubo central. Na extremidade dianteira destes tubos a Caloi colocou um circulo plástico, bem bonito, em cada uma destas peças tubulares, dando um resultado bastante agradável.

A Caloi lutou bastante para emplacar sua Barra Forte. Uma destas suas tentativas foi justamente desenvolver uma estratégia de marketing, para impulsionar as vendas da configuração Tur, que não decolava (parecia que faltava algo). Uma solução foi criar uma versão comemorativa, a Beto Carrero, personagem que fez grande sucesso nos anos 80.

Posteriormente versões de acabamento foram sendo criadas, como XT, XL7 e XL8. Para lamas cromados, novos tons de cores, mas nada trazia resultados relevantes nas vendas. Uma pena, pois eram excelentes bicicletas.

Todos já devem ter ouvido àquele velho ditado: “Se não pode vence-los, junte-se a eles”. Depois de muitos anos lutando sem sucesso contra a Barra Circular da Monark, a Caloi joga a toalha e transforma sua Barra Forte num clone da rival, que agora passa a se chamar de Super C.

Como a Monark não detinha a patente ou simplesmente não questionou (quem sabe um acordo financeiro), a Caloi criou, em 1986, esta versão quase idêntica a rival, abandonando de uma vez por todas o DNA da Barra Forte.

Atualmente a Barra Forte ainda é produzida e comercializada, só que agora disputa o mercado com várias outras réplicas da Barra Circular.